sexta-feira, 31 de julho de 2015

Entardecer


O entardecer me deixa nostálgica. Quando se encerra o dia parece que alguma coisa se perdeu e vem o pensamento dos tempo passado em Solidão. Sinto o cheiro da terra e ouço o mugidos das vacas no mato. E tudo acontece no entardecer. Uma vez me pai matou uma vaca, pois elas eram criadas para nos alimentar com leite e carne. Ele carneou no campo perto de um mato. Mas limpou tudo e ficou um resto de sangue no chão que eles colocaram terra por cima. Ao entardecer o gado veio para perto de onde tinha sido carneada a vaca e começaram a cavar e a berrar em lamento. Foi uma cena muito triste de ver. Depois daquilo meu pai levava para um matador que tinha por lá. Meu pai era um grande homem, tinha muita sensibilidade e grande respeito pelos animais.








Quando nos conhecemos, eu e Alfredo, ele colocava uma fita cassete no fusquita e me levava para passear pelas ruas de Porto Alegre ouvindo as músicas da Califórnia da Canção Nativa. Parávamos para ver  o por do sol no Guaíba em Ipanema. E quando saiamos do carro ele declamava essa linda poesia para mim. O Bochincho.
Bochincho
Jayme Caetano Braun

A um bochincho - certa feita,
Fui chegando - de curioso,
Que o vicio - é que nem sarnoso,
nunca pára - nem se ajeita.
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quirela.

Atei meu zaino - longito,
Num galho de guamirim,
Desde guri fui assim,
Não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito
'Pero - que las, las hay',
Sou da costa do Uruguai,
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai.

http://letras.mus.br/jayme-caetano-braun/570674/

Neste vídeo, esta poesia é declamada pr Jaime Caetano Braun.



Até a próxima se Deus quiser...

 Anajá Schmitz


terça-feira, 28 de julho de 2015

Charque amigo


Lá em Solidão, quando criança, eu era muito nojenta pra comer. Charque ( carne seca) era uma coisa que eu nem chegava perto. A gente quando mora no campo tem um sonho de morar na cidade pra ser chique, agente se acha muito grosso sem modos finos da cidade. Uma vez uma amiga de minha mãe me convidou para passar o fim de semana na cidade. Lá me fui cheia de expectativa. A noite fomos jantar num restaurante. Imaginei a comida vai ser uma loucura. Eu nem imaginava os prato chiques que iriam servir. O ambiente era lindo, muito diferente da nossa realidade do campo. Fizeram o  pedido, fiquei só esperando as deliciosas comidas. O que trouxeram para nosso banquete? Charque. Odeio charque! Essa comida agente come em casa, Que decepção! Veio, carreteiro de charque, aipim frito e feijão mexido. Bah! E eu que não comia isso nem em casa. Tive que comer e achar bom. Quando cheguei em casa e contei para eu pai. O fofoqueiro contou pra todo mundo. Era uma gozação só. Me perguntando quando eu ia para a cidade novamente degustar comidas chiques. 
Mas imagens apresento nosso cardápio gaúcho, essa é a comida campeira que todos os dias tem aqui por casa. O aipim frito é só nos domingos. O tal do colesterol proibi os outros dias.


Muita pimenta para acelerar o metabolismo.





Até a próxima se Deus quiser...

 Anajá Schmitz